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HQs ajudam vestibulandos a conhecer os clássicos da literatura

04/03/2022

- Por Helena Jungblut

Uma das dicas mais recorrentes para se sair bem no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), nos vestibulares e nas redações, é ler bastante. Alguns estudantes, entretanto, não cultivam este hábito, como bem sabemos.

 

Para aqueles alunos que não curtem muito os clássicos da literatura, ou até para os alunos que querem adentrar nesse tipo de literatura, podem encontrar nos quadrinhos bons aliados.

 

A L&PM Editores tem uma coleção de clássicos da literatura mundial com adaptação para os quadrinhos, e uma das obras, Os miseráveis, está inscrita no PNLD 2021 para o Ensino Médio. A respeito de os quadrinhos serem uma porta de entrada para o universo da leitura, o editor da coleção, Ivan Pinheiro Machado, diz que “os quadrinhos são uma maneira diferente de o professor chegar ao coração do aluno. A partir daí, esse leitor pode buscar a versão original ou até mesmo outros livros”. Ivan ainda explica que os livros nasceram de uma longa pesquisa e que a coleção recebeu o apoio da UNESCO: “o que mostra que mantivemos a ideia central do autor, ou seja, que fomos fiéis ao tema da obra. Aproveitamos que já sabíamos fazer histórias em quadrinhos, já que a empresa nasceu editando quadrinhos”, declara.

 

Kátia Chiaradia e Marcella Abboud, autoras dos nossos materiais de apoio ao professor, alertam que, ao ler uma adaptação de uma obra clássica para os quadrinhos, é importante não prender-nos exclusivamente ao enredo, encarando a adaptação apenas como mero facilitador do conteúdo. Isso porque, na realidade, a adaptação ganha uma nova dimensão estética, com novas camadas interpretativas, fundamentais quando temos em mente que o que está diante de nós é uma nova obra.

 

Ítalo Calvino, em seu celebrado ensaio “Por que ler os clássicos”, em uma de suas definições do que é um livro clássico e o que constitui uma obra que assim passa a ser denominada, diz que “é clássico aquilo que tende a relegar as atualidades à posição de barulho de fundo, mas ao mesmo tempo não prescindir desse barulho de fundo”. Chiaradia e Abboud afirmam que, nessas adaptações da Coleção Clássicos em Quadrinhos, o “barulho de fundo” reaparece nas com o recurso da linguagem visual (HQ), de tal maneira que esse barulho, que acompanhará o jovem leitor também na sua vida adulta, possa ser ouvido, sem, contudo, impedir que sua ausência transforme a obra em conteúdo impassível de nova leitura. E quando pensamos em nossos alunos, formado pelo público infantojuvenil, é proeminente a acepção de que adaptações atualizam o contexto de produção da ação, mas não abandonam o enredo da obra-primeira que, embora pareça incompatível, segue ressoando de maneira lúcida.

 

Até o fim da década de 90, o MEC não aceitava bem a adaptação de obras e histórias em quadrinhos, e à medida que esse conceito foi mudando, a L&PM passou a investir na adaptação de clássicos para quadrinhos. Hoje, o MEC, e neste caso o PNLD, inclui o gênero em seus programas de aquisição de livros para as escolas públicas e federais, assim como o fazem as secretarias de educação estaduais, para abastecer suas bibliotecas.