Vida & Obra


Euclides da Cunha

Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em 20 de janeiro de 1866, em uma fazenda no vale do rio Paraíba do Sul, no atual estado do Rio de Janeiro. Indo de um lado a outro, estudou em diversos colégios, até se fixar, em 1886, na célebre Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, na época capital do Brasil. Foi espulso dois anos depois, devido a um ato de protesto contra o ministro da Guerra de um dos últimos gabinetes da Monarquia. Uma vez proclamada a República, em 1889, Euclides, muito respeitado entre os militares influentes junto ao novo regime, foi reintegrado ao Exército. Em breve seria promovido a segundo-tenente e se casaria com Ana Emília Sólon Ribeiro, a Saninha, filha do coronel Sólon Sampaio Ribeiro, um dos líderes da Proclamação da República. Em 1897, já tendo abandonado o Exército, foi enviado como correspondente de O Estado de São Paulo  para o interior da Bahia, onde os seguidores de Antônio Conselheiro, o líder religioso que comandava a revolta, já havia derrotado três expedições militares. Da região de Canudos, onde permaneceu por dois meses, escreveu reportagens sobre a guerra e ficou intensamente impressionado com as cenas de violência e miséria que viu. Após retornar da região de conflito, escreveu Os Sertões que foi lançado em dezembro de 1902 com grande impacto junto aos leitores e à crítica. A opinião pública mostrou-se estarrecida, pois a Campanha de Canudos, tida como batalha heroica de salvação nacional, era denunciada no livro de Euclides como um crime, um massacre dos sertanejos pobres pelo exército brasileiro.

 

Em 1903, já consagrado, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. O prestígio, no entanto, não foi acompanhado de estabilidade pessoal ou profissional. Para sustentar a família, três filhos e a esposa, Euclides não contava com um trabalho fixo e precisava escrever artigos para jornais. Em 1904, embarcou em uma viagem fluvial aos confins da Amazônia e ele só regressou ao Rio de Janeiro em 1905 com a saúde debilitada pela Tuberculose e Malária. Para piorar, Saninha mantinha um caso com Dilermando de Assis, um jovem e belo militar, de quem viria a ter um filho em 1907 - em uma família de gente morena, nasceu um menino loiro, que Euclides, contudo, perfilhou. No mesmo ano, lançou o livro Contrastres e confrontos, excelente conjunto de ensaios de temática variada. Em 1909, tornou-se professor do Colégio Pedro II, posição prestigiosa e segura, em uma instituição de ensino tradicional do Rio de Janeiro. Mas sua carreira de professor foi curta: Euclides não deu mais do que dez aulas em sua nova função. A 15 de agosto, no bairro da Piedade, no Rio de Janeiro, Euclides resolveu tomar vingança contra o amante de sua esposa e invadiu a casa de Dilermando de Assis. Morreu, aos 43 anos de idade, baleado, depois de uma troca de tiros. Num circuito trágico de larga duração, Dilermando, exímio atirador, ainda mataria, em 1916, um dos filhos de Euclides, Euclides Ribeiro da Cunha Filho, o Quindinho, que tentava vingar a morte do pai. 

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