A novela começa já na capa. Por que me olhas, Maria Carolina? é o título e a frase inicial de que tudo decorrerá. Antônio Carlos Resende é assim, vai logo ao ponto e se prende ao essencial, embora sempre com clareza e elegância, pois sabe escrever muito bem. É um escritor para o tempo acelerado da gente de hoje, a quem mil possibilidades se oferecem num ritmo a bem dizer de televisão – múltiplo, infatigável, levando fácil o coração a estourar... Como os de seus personagens. E até nessa revolta cardíaca ou de corpo, Resende é um escritor atual.
E, no entanto, antigo como o amor, essa experiência trágica, mesmo quando dá lugar à descontínua felicidade. Mas o autor e suas figuras, deste livro como dos anteriores, mal sabem da felicidade e sim, muito, do fogo infernal do amor quanto obsessão, enlouquecimento, morte, desamor.
Aqui é uma moça de quinta anos que pinta e borda com um coroa. Ou um coroa que abusivamente a retém – depende do ponto de vista. E o amor, como de outras vez no autor, em como na vida, se torna uma luta palpitante, em que não se saberia dizer se as entregas ocorrem para permitir crucificações e ataques, ou esses para as entregas. O certo é que deu uma narrativa que não deixa o leitor respirar outro ar que não o dela, até o fim.
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