Os livros que inspiraram Gandhi e Martin Luther King
“Fui para a mata porque queria viver deliberadamente, enfrentar apenas os fatos essenciais da vida e ver se não poderia aprender o que ela tinha a ensinar, em vez de, vindo a morrer, descobrir que não tinha vivido. Não queria viver o que não era vida, tão caro é viver; e tampouco queria praticar a resignação, a menos que fosse absolutamente necessário. Queria viver profundamente e sugar a vida até a medula, viver com tanto vigor e de forma tão espartana que eliminasse tudo o que não fosse vida [...].” (Trecho de Walden)
Em julho de 1845, desgostoso com o crescente comercialismo e industrialismo da sociedade americana, Thoreau (1817- 1862) deixou Concord, Massachusetts, para instalar-se à beira do lago Walden. Eremita, caminhante solitário e ecologista avant la lettre, abandonou o convívio com a humanidade e se isolou numa cabana no bosque, onde viveu até setembro de 1847.
Tal experiência seria basilar para seus dois mais emblemáticos livros, A desobediência civil (1849) e Walden (1854). O primeiro teve origem num conflito entre o autor e as autoridades pela cobrança de impostos que ele se recusava a pagar. Após uma noite na cadeia, Thoreau redigiu este texto ardente, incontido e ferino, a bíblia dos libertários. Tão poderoso que, anos mais tarde, nas mãos de Gandhi, serviu para derrubar um império.
O segundo, Walden ou A vida nos bosques, como primeiramente foi publicado, é o relato dos dois anos, dois meses e dois dias em que o autor viveu apartado da sociedade, suprindo as próprias necessidades, estudando, contemplando a natureza e conhecendo a si mesmo. Deste testamento ético-espiritual beberiam todos os grandes nomes da cultura norte-americana, dos transcendentalistas aos autores beat e da contracultura do século XX, além de figuras revolucionárias como Martin Luther King.
A grande coleção dos anos 80
A arte, a filosofia e a ciência devem um poderoso tributo a homens que, com sua insatisfação e rebeldia, forçaram as fronteiras do conhecimento ampliando seus limites à custa da incompreensão e do descrédito. Malditos, rebeldes, loucos, marginais são alguns dos adjetivos com que foram designados por seus contemporâneos alguns dos maiores gênios da história. Banidos da cultura oficial, eles envenenaram as tradições e, com suas criações inusitadas, fizeram do conhecimento humano um vertiginoso palcode transformações. E, aos poucos, o conservadorismo, a intolerância foram cedendo lugar à unanimidade em torno destas figuras, responsáveis por alguns dos momentos mais belos e importantes da experiência humana. Ao reunir numa coleção, sob o título geral de Rebeldes & Malditos, poetas, romancistas, ensaístas, filósofos, teatrólogos, pintores, homens de atividades diversas, em tempos diversos, a L&PM EDITORES apresenta um painel vigoroso e sem preconceitos, no qual a única constante é o desafiador apelo do gênio, cuja mensagem, por uma razão ou outra, ameaçou as normas e os padrões estabelecidos.
(Apresentação da Coleção Rebeldes & Malditos, 1980)
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