Os estudos sobre a conquista e a ocupação do Brasil meridional de Tau Golin constituem uma história geral da formação sulina marcada pela fixação dos limites. Na relação com o poder central e com o Prata, a sociedade do sul brasileiro se constituiu tendo a fronteira como paradigma. Este livro convida o leitor para uma viagem espetacular por terras em disputas, pela imposição/negociação de limites e declarações de direitos jurisdicionais de nacionalidades, de lances da geopolítica e de guerras impiedosas.
No primeiro volume, Tau Golin tratou do período colonial até a década de 1850. Neste, o protagonista principal é o Estado-nação brasileiro e sua política de construção da territorialidade expressa no Tratado de Limites de 1851. A análise da longa execução do trabalho demarcatório de caracterização da fronteira, de 1852 a 1862, revela a riqueza documental da pesquisa.
A fixação dos limites estabelecidos nas guerras civis do Prata deixou como herança territórios que ainda são contestados. Os processos históricos de formação das fronteiras e o seu vigor simbólico nas sociedades contemporâneas são os temas principais desta obra.
Estávamos esperando com muito interesse este segundo volume de A fronteira, que vem completar o extenso e profundo olhar que Tau Golin dedicou à história dos encontros entre os povos da bacia do Prata.
Este livro se inscreve com alta qualificação em uma nova etapa da historiografia de nossas relações no Cone Sul, a fronteira vista agora como um espaço destinado à integração e à complementação, depois de uma grande experiência cheia de vicissitudes, que este livro apresenta com rigor e abundante documentação. Sem dúvida, é um sólido aporte que não só deve demandar a atenção dos historiadores, como dos cientistas sociais em geral e também dos políticos interessados em entender a trama da história da formação deste espaço, constituído já em uma plataforma fundamental para o futuro de nossas relações de vizinhança.
(Edmundo Heredia, historiador argentino.)
Uma das vantagens do momento atual, marcado por nova e fulminante onda de internacionalização dos mercados e por crise dos estados nacionais, começa agora a ser aproveitada no plano do debate intelectual. Trata-se da possibilidade de olhar, com lente inédita, temas que ou não existiam, pura e simplesmente, ou viviam escondidos, com vergonha de ser. É o caso do tema da fronteira, matéria sensível para o Sul do Brasil há séculos, que sempre foi tratado como aspecto secundário de uma região secundária. Posta agora de parte a viseira nacionalista, eis que aparece de corpo inteiro o nervo da formação histórica de toda uma região, aquela que o crítico literário uruguaio Ángel Rama chamou de "a comarca do Pampa". Esta é a matéria que Tau Golin desvenda brilhantemente, nesse novo volume de sua qualificada obra historiográfica.
(Luís Augusto Fischer, professor de literatura e escritor.)
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