Eis um Bukowski puro-sangue. Legítimo. Pulp, o último livro. Concluído alguns meses antes da sua morte em março de 1994.
Alguém pode até dizer. “Já vi pulps melhores”. Mas uma coisa é certa. Você não sai incólume desta história. A saga de Nick Belame poderia até ser igual a de tantos detetives de segunda categoria que rolam pelas largas ruas de Los Angeles. Mas aqui, as mulheres inacreditáveis cruzam pernas compridas, sussurram e você diz: Ei gostosa, toma alguma coisa? Aí ela diz: Está pagando, babaca? Aí você sente nas costas um aço gelado... É sempre assim. Como nos velhos livrinhos policiais de papel vagabundo. Algo assim como subliteratura, a quem Charles Bukowski dedica solenemente este livro.
Mas com o velho Charles é sempre diferente. Ele desfia sua história com habilidade de mestre. Um Rabelais percorrendo o mundo noir? A divina sujeira? A maravilhosa sordidez? Um acerto de contas com a arte? Uma homenagem? Uma reflexão sobre a morte? E tomara ela estivesse linda, gostosa e sexy – como está nesta história – quando encontrou o velho Charles poucos meses depois de ter posto ponto final nesta pequena obra-prima.
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