Distopias hilstianas
Ensaio biobibliográfico de Leusa Araújo
Apresentação de Carlos Eduardo dos Santos Zago
“Há, em Hilda Hilst, uma recusa do outro e, ao mesmo tempo, a vontade de se ‘despejar’ nele, de nele encontrar algo de si mesma.”
Anatol Rosenfeld
Mais conhecida como poetisa e romancista, Hilda Hilst (1930-2004) escreveu também, na década de 60, oito peças teatrais. Os textos dramatúrgicos foram montados em diferentes ocasiões, mas circularam apenas esparsamente entre os leitores brasileiros. De caráter profundamente alegórico, repleto de referências, o teatro de Hilda trata da opressão do indivíduo e do peso do poder político, e suas peças são hoje tão atuais quanto quando foram escritas.
Em “A empresa”, texto de 1967, a protagonista, América, debate-se entre o fervor revolucionário e a pressão pela repetição de modelos existentes. “O novo sistema”, escrita em 1968, tem caráter distópico: vê-se a passagem para um modelo autoritário de educação, em que a reflexão e o indivíduo não são possíveis. A nova ordem se reflete inclusive na linguagem, mas o Menino não se curva à experiência e sabota os planos totalitários.
A publicação destas peças vem a completar a bibliografia de uma das mais importantes vozes da literatura em língua portuguesa do século XX.
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