Na Sicília, nem as artes dramáticas estão a salvo da violência
Neste romance, que é o antepenúltimo da série com o célebre comissário Salvo Montalbano, Andrea Camilleri visita, como em poucas obras suas, um universo que lhe era caro e familiar: o teatro e as artes cênicas. Tendo trabalhado com teatro e lecionado direção, Camilleri está à vontade neste romance tragicômico. Aqui o patético da vida humana e da velhice é minuciosamente tecido com a violência social e doméstica tão presente na Sicília e com a imorredoura vontade de viver que muitas vezes leva as pessoas a ações tresloucadas.
Mimì Augello, auxiliar de Montalbano, descobre por acaso um cadáver jazendo pacificamente no quarto de um apartamento. Quando a força policial para lá retorna oficialmente, é como se o cadáver tivesse desaparecido num passe de mágica. Em seguida, outro corpo surge, morto por esfaqueamento: o de Carmelo Catalanotti, usurário que dirigia uma companhia de teatro amador com métodos de direção de atores mais do que questionáveis. Estarão as duas mortes relacionadas?
Dramaturgia e realidade se fundem, cadáveres podem desaparecer como numa pantomima e uma colega de trabalho faz com que o comissário sinta um desejo e uma paixão há muito adormecidos – tudo isso em uma narrativa vertiginosa e magistral, digna das melhores obras do autor.
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