Coleção L&PM Pocket


"O passado é mudo? Ou continuamos sendo surdos?"

Eduardo Galeano - "As veias abertas da América Latina"

AS VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA

“Uma bomba literária que muito provavelmente Obama não leu, mas que – sejamos francos – na verdade deveria ler...”
Jorge Volpi, El País

Um livro (infelizmente) atual

A L&PM está relançando As veias abertas da América Latina, de Eduardo Galeano, não apenas em formato convencional, mas com o mesmo conteúdo na Coleção L&PM POCKET. O livro tem nova capa, índice analítico e nova tradução de Sergio Faraco, um dos mais importantes contistas do Brasil. Sobre essa versão, escreveu Galeano: “Excelente trabalho de Sergio Faraco, melhora a não menos excelente tradução anterior, de Galeno de Freitas. E graças ao talento e à boa vontade destes dois amigos, meu texto original, escrito há quarenta anos, soa melhor em português do que em espanhol”.

No prefácio escrito em agosto de 2010, especialmente para esta edição de As veias abertas da América Latina, Eduardo Galeano lamenta “que o livro não tenha perdido a atualidade”. Remontando a 1970 sua primeira edição, atualizada em 1977, quando a maioria dos países do continente padecia facinorosas ditaduras, este livro tornou-se um autêntico “clássico libertário”, um inventário da dependência e da vassalagem de que a América Latina tem sido vítima, desde que aqui aportaram os europeus no final do século XV. No começo, espanhóis e portugueses. Depois vieram ingleses, holandeses, franceses, modernamente os norte-americanos, e o ancestral cenário permanece: a mesma submissão, a mesma miséria, a mesma espoliação.

As veias abertas da América Latina vendeu milhões de exemplares em todo o mundo. Com seu texto lírico e amargo a um só tempo, Galeano sabe ser suave e duro, e invariavelmente transmite, com sua consagrada maestria, uma mensagem que transborda humanismo, solidariedade e amor pela liberdade e pelos desvalidos.

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Informações Gerais

  • Título:

    AS VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA

  • Catálogo:
    Coleção L&PM Pocket
  • Gênero:
    Documento
    Biografias
  • Série:
    Galeano
  • Referência:
    900
  • Cód.Barras:
    9788525420817
  • ISBN:
    978.85.254.2081-7
  • Páginas:
    400

Vida & Obra

Eduardo Galeano

Eduardo Galeano (1940-2015) nasceu em Montevidéu, no Uruguai. Viveu exilado na Argentina e na Catalunha, na Espanha, desde 1973. No início de 1985, com o fim da ditadura, voltou a Montevidéu. Galeano comete, sem remorsos, a violação de fronteiras que separam os gêneros literários. Ao longo de uma obra na qual confluem narração e ensaio, poesia e crônica, seus livros recolhem as vozes da alma e da rua e oferecem uma síntese da realidade e sua memória. Recebeu o prêmio José María Arguedas, outo...

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Opinião do Leitor

Marcelo Papp
Curitiba / Paraná

Parabéns LPM pela iniciativa !!!
Um livro que mostra as verdades que incomodam muita gente que insistem em não enxergar o que somos no continente americano, o li quando adolescente por iniciativa de um professor de história geral, e quanto ao autor Sr Galeano o considero um dos maiores escritores da década.

07/11/2010

Agatha

Lindinei Rocha
Nova Iguaçu/RJ

Escrita nos últimos dois meses de 1970, Las venas abiertas de América Latina é a certidão de nascimento de Eduardo Hughes Galeano como escritor, conforme relata o próprio autor. Classificado superficialmente como um ensaio de economia política, esta obra se constitui como pedra fundamental para a compreensão teórica de toda sua produção literária posterior.
Antes de escrever livro que o projetou no cenário internacional, Galeano viajou por quase toda a América Latina em busca de fontes documentais em bibliotecas, institutos e, principalmente, relatos pessoais dos que sentiam na carne os desafios humanos de viver num país subdesenvolvido nos finais da década de 1960. Seu objetivo era presenciar, quando possível, in loco, e compartilhar das mesmas experiências. Deste experimento, ficou a certeza de que havia uma obrigação moral de levar aquelas tristes vozes, portadoras de experiências desumanas, ao conhecimento de todos.
Como ressalta Galeano, estava diante de um grande desafio, fazer de suas palavras a voz daquela gente, “vencer el desafío que es el arte de narrar.” Para cumprir esta tarefa, debruçou-se quatro anos sobre pilhas de documentos para escrevê-la “al cabo de 40 noches, a base de mucho café”
Eduardo Galeano, como atestam os trechos supracitados, reforçou a imagem e a mitologia criadas em torno de si e de As veias abertas da América Latina, o que fez dele uma das figuras de maior destaque no meio intelectual, e de seu livro mais conhecido, escrito há quase 40 anos, sua obra de maior prestígio .
Quando acompanhamos hoje Eduardo Galeano em entrevistas ou palestras ao redor do mundo, muitas vezes não temos consciência que sua trajetória biográfica e bibliográfica são frutos de seu engajamento ideológico, seja como cidadão na vida política de seu país e de toda a América Latina, e, sobretudo, pelo intelectual e escritor engajado que ganhou projeção com a obra As veias abertas da América Latina, em 1971.
Não são muitos os escritores que conseguem sustentar uma total indiferença pela ética de seu trabalho, ou seja, dar uma função pragmática à sua obra, e quando defendem esta posição, muitas vezes são alvos de críticas, como Borges e Drumond, por exemplo. Da mesma maneira, também não são poucos, principalmente na América Latina, os que entendem que na prática literária não é possível separar a ética da estética, esboçando uma forma de neutralidade político-ideológica. Pode-se perceber que a intenção de Galeano, ao escrever suas obras, é oferecer aos leitores o fio de Ariadne discursivo para que possa conduzir seus leitores à (sua) verdade, para isso usa um arsenal de argumentos, retomando a história da América Latina, desde a gênese da colonização do continente e de técnicas narrativas e gêneros discursivos que se lhe sirvam para demonstrar o “outro lada da história”, a contra-história.
Em Las venas abiertas de América Latina, Galeano busca redefinir a identidade do continente latino-americano, constituída paulatinamente, desde a cultura oral até os discursos oficiais propagados institucionalmente. Refuta-os, propondo novos parâmetros para a configuração da identidade histórica hispano-americana. Sua experiência como jornalista habilita-o a fazer de seu grande domínio da palavra escrita e amplo conhecimento das estratégias discursivas uma arma retórica contra a história oficial da América. Desiludido com a forma como era veiculada anteriormente, escreve uma espécie de manual revolucionário, considerado hoje um dos cânones dessa revisão histórica latino-americana. Talvez a precursora da narrativa documental, Las venas abiertas de América Latina é a obra seminal para compreensão do fazer literário do escritor uruguaio.
Anda hoje, quase 4 décadas depois, a obra ganha fôlego e desponta no século XXI como uma referência à utopia latino-americana. Como afirma o próprio Galeano, Uno supone que la literatura transmite conocimiento y actúa sobre el lenguaje y la conducta de quien la recibe; que nos ayuda a conocernos mejor para salvarnos juntos.”

06/11/2010

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