Religião e culpa
Tradução do alemão de Renato Zwick
Revisão técnica e prefácios de Renata Udler Cromberg e Márcio Seligmann-Silva
Ensaio biobibliográfico de Paulo Endo e Edson Sousa
Em 1927, Sigmund Freud (1856-1939) publicou O futuro de uma ilusão, que se tornaria um de seus textos mais difundidos. Endereçado a seu amigo e reverendo protestante Oskar Pfister, a obra consiste numa reflexão sobre o hábito de as pessoas se voltarem à religião em busca de soluções para problemas terrenos. Freud, que se autodenominava judeu ateu, não acreditava na religião – “a neurose obsessiva universal da humanidade” – como forma de apreensão do mundo; aqui ele demonstra que ela depende de sentimentos infantis não resolvidos e mais: é a culpada pela atrofia intelectual da maior parte dos seres humanos.
Dois anos depois, em 1929, volta ao tema e aprofunda sua reflexão, dessa vez estendendo a análise para a cultura em geral. Em O mal-estar na cultura (publicado em 1930), já mais pessimista, vê o desamparo infantil como estando na gênese do sentimento religioso do adulto, e a cultura (ou a civilização) como algo que exige o recalque de sentimentos espontâneos. O mal-estar estaria não só na base da religiosidade, mas seria fundação do nosso próprio estado de cultura.
Eis aqui, pela primeira vez traduzidos diretamente do alemão e reunidos num mesmo volume, dois dos textos sociais de Freud, intérprete da humanidade, tão influentes hoje quanto à época de sua publicação.
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