Erich Maria Remarque
Nasceu Erich Maria Kramer a 22 de junho de 1898, em Osnabrück, Alemanha. Realizou os estudos básicos na sua cidade natal e freqüentou a Universidade de Münster. Parou de estudar aos dezoito anos para juntar-se ao exército alemão na Primeira Guerra Mundial. Nas trincheiras, foi ferido três vezes, uma delas gravemente. Após o conflito, lutando para sobreviver em um país completamente corroído pela guerra, exerceu diversas profissões: foi pedreiro, organista, motorista e agente de negócios, até estabilizar-se, mais ou menos, no jornalismo, exercendo funções de crítico teatral e repórter esportivo, entre outras, em alguns jornais de Hannover e Berlim.
Mas, mesmo com uma vida mais estabilizada, não esqueceu o pesadelo da guerra. Suas noites de insônia eram preenchidas por infindáveis cadernos, onde anotava os horrores que viveu. Logo descobriu naquelas folhas manuscritas o núcleo de um livro – um romance sobre o absurdo da guerra. A editora Ullstein insistiu no lançamento da narrativa, mas o máximo que conseguiu foi sua publicação em folhetins no jornal Wossiche Zeitung, em 1928. O sucesso de Nada de novo no front (Im Western Nichts Neues) garantiu a edição do texto em formato de livro em 1929. A obra tornou-se um êxito sem precedentes na literatura alemã moderna e deixou o público e as autoridades alemãs totalmente perplexos. Objeto de críticas, polêmicas e discussões, o romance de Remarque mostrou – a um público que ainda considerava a guerra como uma fatalidade histórica cercada por um halo de romantismo heróico – a verdadeira face dos soldados que nela se envolveram. Não eram guerreiros, como os que apareciam nos filmes de propaganda, mas homens maltrapilhos, neuróticos e assustados. Outras obras de ficção que testemunhavam batalhas da Primeira Guerra Mundial já haviam sido lançadas, mas nenhuma parecera aos soldados tão autêntica e reveladora da verdade.
Nada de novo no front ganhou o mundo e foi levado à tela em 1930, por Lewis Milestone. A película alcançou sucesso mundial e status de filme cult. Livro e filme provocaram a ira dos nacionalistas alemães. Com o recrudescimento dos sentimentos nazistas, a perseguição a Erich Maria Remarque aumentou, pelo seu pacifismo manifesto nas suas obras (em 1931, publicou também O caminho de volta, que retratava as frustrações dos que regressavam das frentes de luta). Um ainda ascendente Josef Goebbels e seus homens teriam interrompido sessões do filme, espalhando ratos brancos nas salas de projeção. Em 1933, com a ascensão de Hitler ao poder, o filme foi proibido. Remarque exilou-se primeiro na Suíça e, a partir de 1939, nos Estados Unidos. No dia 10 de maio de 1933, seus livros foram queimados na fogueira na praça da Ópera, em Berlim. Em 1938, as autoridades alemãs retiraram sua cidadania alemã, por ter “arrastado na lama” os soldados da grande guerra e apresentado uma visão “antigermânica” dos acontecimentos da guerra. O escritor só ficou sabendo das hostilidades depois, na segurança do exílio nos Estados Unidos, mas sua irmã, Elfriede, uma simples costureira que ainda vivia no país natal, confiara a uma cliente que poderia muito bem dar um tiro na cabeça de Hitler. Foi denunciada, condenada à morte em 1943 e decapitada.
Em 1947, Remarque naturalizou-se norte-americano. Nos seus anos de Hollywood, recheou as crônicas hollywoodianas com seus casos amorosos com as atrizes Marlene Dietrich e Greta Garbo. Em 1948, partiu para a Suíça, na companhia da também atriz Paulette Godard, divorciada de Charlie Chaplin.
Remarque, que junto a Goethe é o escritor de língua alemã mais lido no mundo, faleceu aos 72 anos de idade, no dia 25 de setembro de 1970, em Locarno, na Suíça. Não perdoou a Alemanha do pós-guerra pelo tratamento brando para com as autoridades nazistas. Constatou com amargura, por ocasião de uma visita ao seu país natal, em 1966: “Pelo que sei, nenhum assassino do Terceiro Reich perdeu a sua cidadania alemã”. Deixou também outros livros de sucesso sobre o absurdo da guerra (Três camaradas, de 1937, Náufragos, de1941, Arco do triunfo, de1946, e O obelisco preto,1956), além de um romance póstumo, Sombras do paraíso, publicado em 1971. Nada de novo no front foi traduzido para 58 idiomas e já vendeu mais de dez milhões de cópias no mundo todo.
José Vacir Côgo
Jacutinga-MG
A leitura do livro nos transporta aos campos de batalhas do leste, na II Guerra. Literatura de primeira grandeza.
02/08/2013
Agatha
Geraldo Luiz de Souza
Igarapé - Minas Gerais
Já tinha ouvido falar do livro e conheço a refilmagem com o ator Richard Thomas, mas li recentemente a obra. Fiquei impressionado com o livro, e penso que é uma pena que um trabalho como este não seja uma leitura comum para os jovens de hoje, um tempo em que a violência ficou novamente banal, e corremos de novo o risco de perdermos a possibilidade de repensar a história da humanidade sob um novo prisma, mais espiritual e humano. Sobretudo, pensei que, sempre consideramos os alemães como os vilões da história, sem as vezes percebermos que eram nossos irmãos, destruídos em suas vidas pessoais como todos os outros envolvidos no conflito odioso da guerra.
03/10/2012