Augusto dos Anjos
Augusto dos Anjos veio da Paraíba para o Rio de Janeiro em 1910. Com 26 anos, recém-casado, pensava conseguir na capital do Brasil um meio de subsistência compatível com a cultura e o talento que possuía. Não teve êxito e sua desilusão seria ainda maior: não encontrou nem mesmo quem lhe apreciasse o estro. Para publicar aquele que viria a ser o seu único livro, precisou valer-se do auxílio financeiro do irmão.
A crítica contemporânea o ignorou e, se alguma exceção se abriu, foi para reputá-lo autor de versos estapafúrdios e aberrantes. De certo modo, o repúdio ao seu engenho poético e as penas da vida familiar confirmavam a voz pessimista do poeta, que cantava (e com que musicalidade!) a onipresença da dor e a excludente destinação do homem à morte, aos vermes e ao pó.
Conta Francisco de Assis Barbosa que, em novembro de 1914, Orris Soares e Heitor Lima encontraram-se com Olavo Bilac e o informaram do prematuro falecimento de Augusto. “E quem é esse Augusto?”, perguntou Bilac. Um grande poeta, responderam-lhe, e Heitor Lima recitou o soneto Versos a um coveiro. Bilac sorriu superiormente e comentou: “Fez bem em morrer, não se perde grande coisa”.
Bilac não viveu o bastante para perceber que se enganara. Os anos da guerra modificavam o gosto dos leitores e a literatura excedia o frívolo tropo de “sorriso da sociedade”. Da terceira edição de Eu, em 1928, venderam-se 5.500 exemplares em dois meses, os primeiros 3.000 em apenas quinze dias. Era o começo da longa e acidentada via do reconhecimento público, que faria de Augusto o que ele é hoje, um dos mais admirados poetas brasileiros e, por certo, o mais original.
Edison S. Campos
Rio de Janeiro RJ.
Comprei um livro de Augusto dos Anjos em 1974,me identifiquei com vários poemas porque fogem as mesmices.
08/01/2019
Agatha
Raquel S. Bezerra
Maringá - PR
As palavras utilizadas são cultas e eruditas. Admiro pessoas que utilizam hoje e em sites palavras tais. Meus cumprimentos ao autor.
25/05/2014